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Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres brasileiras

Você sabe o que são as Estatísticas de Gênero? Segundo as Nações Unidas (2006), essas estatísticas indicam adequadamente as diferenças e desigualdades em todas as áreas da vida entre mulheres e homens. Esses dados devem ser apresentados desagregando e comparando gêneros, referenciando conceitos e definições abrangendo as necessidades, oportunidades, e contribuições específicas do homem e da mulher na sociedade.
As desigualdades de gênero designam (culturalmente, socialmente e economicamente) as diferenças entre mulheres e homens. São normas sociais patriarcais de controle das mulheres de modo que se encaixem em padrões pré estabelecidos pela cultura, acentuando e impactando desigualdades nas áreas de saúde, educação, trabalho, vida familiar e no bem-estar geral de cada uma.
Segundo o IBGE, CMIG (Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero) contempla dimensões:
- Estruturais econômicas, participação em atividades produtivas e acesso a recursos
Tem como intenção reduzir as lacunas entre mulheres e homens no mercado de trabalho e no acesso a recursos, impulsionando maior autonomia das mulheres.
Para fazer download ou visualizar os gráficos e dados, acesse o PDF.
Força de Trabalho, Realização de afazeres domésticos e Cuidados de pessoas
A participação na força de trabalho em 2019 indicou que a diferença entre mulheres e homens superou 19 pontos percentuais, sendo a menor da série histórica iniciada em 2012. É preciso ressaltar que a taxa da força de trabalho não inclui trabalhadoras informais e domésticas. Nesse caso, os valores para mulheres seguramente indicaria maior porcentagem. Esse argumento pode ser validado pelos dados de afazeres domésticos. Em 2019, as mulheres dedicaram quase o dobro de tempo que os homens nos afazeres caseiros e cuidados com outras pessoas, sendo maior tempo de dedicação conforme o rendimento financeiro for menor.
Rendimento do Trabalho
Segundo o IBGE, em 2019 as mulheres receberam 77,7% ou pouco mais de 3/4 do rendimento dos homens em relação a todos os trabalhos. Ou seja, mesmo trabalhando a mesma quantidade de horas e também em trabalhos informais e não pagos, como os caseiros, as mulheres recebem 3/4 do salários dos homens.
- Educação
Tem como intenção reduzir a lacuna entre mulheres e homens no acesso a oportunidades econômicas e sociais, através de educação de qualidade, inclusiva e igualitária.
Nível de instrução
Na população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo, as mulheres são mais instruídas que os homens, com exceção da faixa etária mais elevada. Isso revela restrições no acesso à educação pelas mulheres em décadas passadas. Em geral, em cursos superiores enfrentam barreiras e preconceitos em algumas áreas do conhecimento, como nas exatas, concentrando-se nas áreas de humanas e saúde.
- Saúde e serviços relacionados
Tem como intenção colaborar com a diminuição do impacto de desigualdades, normas, expectativas de gênero sobre as condições de saúde de mulheres e homens, buscando por uma vida saudável e o bem-estar para todes.
Nesse tópico e já abordado em textos anteriores, destacamos para o fato de que a expectativa de vida das mulheres aumentou em todas as regiões do país, sendo os maiores valores nas regiões sul e sudeste.
- Vida Pública e Tomada de Decisão
Tem como intenção garantir às mulheres igualdade de oportunidades nos processos de tomada de decisão e participação efetiva na vida pública, econômico, político e em seus campos cívico.
Com isso, percebemos um aumento entre 2017 e 2020 de deputadas federais no Brasil, mas, ainda assim, sendo o país com menor proporção de mulheres em exercício de candidaturas. A nossa posição está em 142º num ranking de 190 países. Em 2018, apenas 32,2% das candidaturas foram de mulheres. Já entre as vereadoras eleitas, apenas 16% eram mulheres em 2020, e dentro disso, apenas 9,2% de mulheres pretas e pardas.
Outro setor que se destaca aqui são os cargos gerenciais. Podemos notar que há muita desigualdade no quesito posição de liderança, onde ocuparam apenas 20% dos cargos. Ou seja, as mulheres estão mais sub-representadas em cargos gerenciais mais bem remunerados e com potencialmente mais responsabilidades.
- Direitos Humanos da Mulheres e Meninas
Tem como característica a eliminação de práticas danosas, como casamento forçado, precoce e infantil, e todas as formas de violência contra mulheres e meninas.
Aqui destacamos que a Taxa de Fecundidade Adolescente vem diminuindo no Brasil, sendo maior nos estados do norte e nordeste, com respectivas taxas de 84,5% e 65,2% entre 15 e 19 anos. O valor mais alto concentra-se no Norte, 84,5%, e o mais baixo no Sudeste, 49,4%.
O Brasil é um país com elevadas taxas feminicídio (homicídio contra a mulher por razões de gênero). Na América Latina isso é bem comum devido ao histórico de saqueamento e exploração por parte de outros países, aumentando as desigualdades de gênero, além das lacunas em contextos de políticas públicas voltadas para mulheres. Nesse artigo do IBGE, notamos que os serviços especializados de enfrentamento à violência contra mulheres concentram-se em municípios mais populosos, vulnerabilizando aquelas que estão localizadas em lugares mais distantes e em menores povoados e municípios.
Melhorando as condições de vida da população em geral, a ampliação das políticas públicas e sociais alimenta a melhora de alguns indicadores sociais das mulheres. Mesmo que algumas taxas tenham melhorado, ainda assim não é suficiente pra compará-las à situação de privilégio em que os homens estão, em em especial no mercado de trabalho e espaços de tomada de decisão.
Para fazer download ou visualizar os gráficos e dados, acesse o PDF no meio da página.
Alice Campana
Referências:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Estatísticas de Gênero - Indicadores Sociais das mulheres no Brasil. 2ªed. Estudos e Pesquisas - Informação Demográfica e Socioeconômica, nº 44. 2021




